Estava sentado em uma antiga cadeira de balanço embaixo de uma frondosa mangueira de tronco robusto que, se não era mais velha, era tão velha quanto ele, a balouçar-se com uma folha de hortelã à boca emaracujecida, com um calção de viscose preto e o tronco desnudo a exibir as parcas cãs brancas que trazia ao peito e os músculos finos e flácidos. Parecia todo deleitar-se no frescor daquela tarde de agosto ensolarada e bem ventilada. Vez ou outra, via-se um certo ar de contentamento zombeteiro nos lábios finos e que o fazia morder com mais força o galhinho de hortelã graúda que trazia à boca. Parecia esfuziar-se em lembranças de algum tempo que o balouço das ancas largas e ainda firmes a se escorregar num vestido de seda cinza com enormes flores vermelhas da dona Albertina lhe trouxera às lembranças.
Nos lábios só havia um ar de riso, ao passo que os olhos se riam e aquelas lembranças acordaram-lhe o falo, que se levantou espreguiçando-se e babando-se todo, chegando a de leve descoser a já frágil costura do bufento calção preto.
-Boa tarde seu, Jaques, cumprimentou-lhe toda moralista dona Albertina, que bem reparara no amplo sorriso que lhe abriam os olhos do seu Jaques. Só não se sabe se reparara, outrossim, que o caralho dele esticara longamente o pescoço para observar-lhe melhor o remexer das volumosas ancas.
-Boa Tarde, dona Albertina, disse ele. Quando este percebeu todo o moralismo com que se empertigava o porte da senhora ao passar por ele, seus olhos deram uma enorme gargalhada debochada como se conhecessem dela algum segredo de alcova.
Esse texto continua amanhã